A história da Agronomia brasileira começou junto do surgimento da Agricultura no nosso país. Ao lado dos grandes fazendeiros, desde o início da colonização ao estabelecimento da República, a ciência agrária se mostrou uma importante personagem na evolução da economia agrícola.
Durante o Império, o sistema sucroalcooleiro nordestino entrou em decadência devido ao fim da escravidão e ao deslocamento do núcleo econômico para o Sudeste cafeeiro. Com isso, a aristocracia agrícola nordestina buscava uma solução para voltar a ser uma grande potência. Visando uma mão-de-obra mais qualificada e conhecimento de comércio, criaram, em 1859, o Imperial Instituto Baiano de Agricultura. Dezesseis anos depois, em São Bento das Lages, foi fundada a primeira escola de Agronomia no Brasil, que hoje integra a Universidade Federal da Bahia.
Neste mesmo período, o Rio Grande do Sul também passava por uma crise econômica no meio rural. Com os mesmos objetivos dos nordestinos em melhorar a ciência econômica e agrária na região, foi criada em 1883, em Pelotas, a Imperial Escola de Medicina Veterinária e de Agricultura Practica, segunda escola do país.
O saber agrícola sempre fez parte do cotidiano do homem do campo. Mas agora, com os investimentos externos, foi aos poucos sendo transportado para os meios intelectuais e incorporado na tecnologia, aprofundando a divisão entre a concepção e a execução do processo produtivo. Assim, para o homem do campo restava apenas o trabalho braçal.
No século seguinte, o ensino de Agronomia era criado e regulamentado oficialmente. Segundo o
Decreto nº 8.319, de 20 de outubro de 1910, “o ensino agronomico instituido no Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio, (...), tem por fim a instrucção technica profissional relativa á agricultura e ás industrias correlativas, e comprehende o ensino agricola, de medicina veterinaria, zootechnia e industrias ruraes”.
O reconhecimento do trabalho do Engenheiro Agrônomo, entretanto, só veio acontecer em 12 de outubro de 1933, com o
Decreto nº 23.196, que regulamentou o exercício da profissão.
Esta data, de grande importância à classe, acabou sendo adotada como comemorativa ao Dia do Engenheiro Agrônomo.
A profissão do presenteDa sua regulamentação aos dias de hoje, quase um século se passou. Neste tempo, o saber agrícola cresceu junto da população, das tecnologias e da preocupação com o meio ambiente. Para o doutor em agronomia, José Ubirajara Garcia Fontoura, essa foi uma das profissões que mais evoluiu nas ultimas décadas. Ela passou de “Profissão do Futuro” para “Profissão do Presente”, e continua com demandas crescentes. Um exemplo é o plantio direto, que revolucionou a agropecuária brasileira, deu origem a outros sistemas como a agricultura de precisão, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), entre outras, que estão em constante desenvolvimento.
Para Fontoura, essas evoluções continuam exigindo cada vez mais a presença dos agrônomos mais globais e menos específicos, que tenham conhecimento de sustentabilidade econômica, ambiental, tecnológica, social e política. “Já foi o tempo de especialização monocultural”, afirma.
Para Carlos Dellavalle Filho, engenheiro agrônomo e professor da Universidade de Passo Fundo, o importante é que hoje estamos na Era do Agroconhecimento. “Acompanhando a evolução das tecnologias, a agricultura é o segundo setor que mais se investe em P&D no mundo (Financial Times), só perde para a farmacêutica, o que demonstra a sua devida importância no contexto”, explica.
Diante deste cenário de inovações tecnológicas, Dellavalle aponta avanços como ferramentas que identificam e diagnosticam doenças no campo, sem precisar ir a um laboratório, o que melhora a eficiência no combate a fungos e pragas. “Essas tecnologias beneficiam o setor agrícola, onde diversas empresas ligadas ao agronegócio estão se voltando para criação de produtos ou serviços que auxiliam no processo de aumento da produtividade”, explica.
E o profissional do futuro?Com uma vasta experiência após 35 anos como pesquisador da Embrapa, entre outros importantes trabalhos, Ubirajara Fontoura deixa seu principal conselho para os futuros profissionais: investir em conhecer o Brasil, pois as atividades agrícolas vêm se expandindo nacionalmente. “Determinadas produções não são mais exclusividade de uma determinada região. Assim, temos a necessidade de uma forte atualização em conhecimentos tecnológicos”, reflete. Ele ainda ressalta que os cursos necessitam atualização urgente para novas realidades nacionais.
Muitos anos depois da primeira Escola de Agronomia, os engenheiros agrônomos tiveram sua atividade transformada de simples “melhoradores da atividade agrícola” para os principais responsáveis por tudo o que envolve o agronegócio. Um profissional que por vezes não é reconhecido no meio urbano, mas que tem sua mão envolvida desde o pão do café da manhã até o algodão do pijama, levando qualidade à mesa e à vida de todos.
O Portal Agrolink parabeniza todos os Engenheiros Agrônomos, profissionais responsáveis por elaborar e orientar a execução de trabalhos relacionados à produção agropecuária, visando obter mais produtividade, sempre pautado pelos conceitos do desenvolvimento sustentável da agricultura.
Carlos R. Dellavalle Filho - “Aproveito a ocasião para estender a todos os colegas e futuros Engenheiros Agrônomos os cumprimentos pelo seu dia e parabenizo essa classe que faz parte da geração de riqueza para essa nação, que participam deste no crescimento do PIB Nacional com o fomento das atividades agropecuárias, auxiliando na balança comercial deste país, fortalecendo as exportações sejam elas de soja, de café, algodão, açúcar ou dos mais diversos produtos que nos destacamos a cada dia alimentando esse planeta. Acredito no progresso da agricultura brasileira, no reconhecimento da importância da profissão pela sociedade, como acredito no crescimento desse país de forma sustentável.”
José Ubirajara Garcia Fontoura - “Preparem-se para estas novas realidades. Ainda não chegamos ao fim do FUTURO. Vamos ter que nos preparar para produzirmos alimentos e produtos agro-industrializados para o mundo, pois somente o Brasil tem áreas agrícolas para isso. Ainda não utilizamos adequadamente nossos solos. Somente em Mato Grosso do Sul temos mais de 14 milhões de hectares de solos degradados para ser melhorado e incluído no processo de produção. Agora iniciamos novas atividades, como exportação de tecnologias e experiências inovadoras de produção para outros países, a exemplo do Sistema Plantio Direto. Aqui o Agrônomo terá forte participação. Um forte abraço e Feliz dia do Agrônomo!”.